União Umbandista recebe Placa Comemorativa

por Divisão de Comunicação publicado 17/05/2019 15h32, última modificação 17/05/2019 15h32
Sessão Solene teve discursos em defesa da liberdade religiosa

Rodolfo Blancato

Em 1934, a cidade do Rio de Janeiro passou a contar com uma unidade policial de nome curioso: a Delegacia de Costumes, Tóxicos e Mistificações. Além de reprimir o uso de drogas, o departamento era responsável por “controlar e reprimir as rodas de samba, a prática da capoeira e os ritos da umbanda”.

Quase cem anos depois, os praticantes de religiões afro-brasileiras ainda sofrem com o preconceito e a intolerância. No ano passado, a capital fluminense registrou mais de 103 casos de intolerância religiosa, a maioria contra praticantes do candomblé, da umbanda e de outros cultos de origem africana.

Mas também houve mudanças positivas: no início do século passado, seria impensável uma homenagem do Poder Público aos praticantes da umbanda, como a que aconteceu na Câmara Municipal de Osasco nesta quarta-feira (15), quando foi realizada uma Sessão Solene para celebrar a atuação da União Regional Umbandista da Zona Oeste da Grande São Paulo (URUZOGSP).

A instituição, que possui cerca de 300 filiados nos municípios da região e do interior do estado, foi agraciada com a Placa Comemorativa, honraria destinada a organizações que prestam relevantes serviços à comunidade osasquense.

A solenidade foi proposta pelo Vereador Pelé da Cândida (PSC), ele mesmo um praticante da umbanda. Para o parlamentar, a realização da cerimônia é uma mostra de que a sociedade brasileira está mais madura e tolerante com as diferenças.

"Nós temos 14 ou 15 vereadores evangélicos. Mas quando eu trago aqui uma homenagem à umbanda, ao candomblé, eles aprovam. Por que eles aprovam? Porque a gente tem que ter o diálogo com todos eles. Eu não desfaço da religião deles e eles não desfazem da minha", declarou.

A secretaria dos trabalhos ficou a cargo do vereador De Paula (PSDB), que elogiou a trajetória da entidade. “Na nossa caminhada, durante o tempo que deus permite que nós fiquemos nessa terra, nós vamos plantando, semeando. E chegou a hora de colher”, afirmou o tucano.

Também participou da sessão o advogado Reato Sanches, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB de Osasco. Em seu discurso, ele falou sobre a proteção que o ordenamento jurídico brasileiro dá à liberdade religiosa.

“Estamos protegidos por um Estado laico, um Estado que não tem uma religião oficial, mas deve promover a igualdade, a liberdade e a possibilidade de que todos externem a sua crença da maneira que melhor lhes convier”, disse.

O último a discursar foi o presidente da URUZOGSP, Cláudio Franco de Lima, mais conhecido como Pai Cláudio.

Ele disse que a entidade está de portas abertas para receber pessoas de todas as religiões e ao mesmo tempo exortou os praticantes da umbanda a agirem coletivamente para garantir seus direitos. “A gente tem que se unir, é o que eu sempre tenho falado. A união faz a força”, declarou.