Câncer de próstata matou 15 mil homens em 2017

por Divisão de Comunicação publicado 30/11/2018 18h50, última modificação 30/11/2018 18h51
Fechando o mês do Novembro Azul, a Câmara realizou um evento para orientar população sobre importância da prevenção à doença

Rodolfo Blancato

No ano passado, 15.170 homens morreram no país em decorrência do câncer de próstata, segundo dados preliminares do Ministério da Saúde. Isso significa uma morte a cada 35 minutos, em média.

Para o urologista Adilson de Carvalho Jr., uma parte significativa desses óbitos poderia ser evitada se os brasileiros levassem mais a sério a prevenção da doença. Ele foi um dos palestrantes do evento Novembro Azul, realizado nesta sexta-feira (30) com o objetivo de conscientizar os servidores da Câmara Municipal e a população de Osasco sobre o problema.

De acordo com o especialista, aproximadamente 20% dos tumores são descobertos em estágio avançado, quando a taxa de sucesso do tratamento é muito menor. Um estudo de 2013, realizado com 2.293 pacientes do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo, verificou que 98% dos pacientes diagnosticados no início da doença estavam vivos após cinco anos de tratamento. Já aqueles que descobriram a doença no estágio de metástase (quando o câncer se espalha para outras partes do corpo) tiveram uma taxa de sobrevida de apenas 46% no mesmo período.

Por isso, é essencial que todo homem acima dos 50 anos inicie a prevenção do câncer de próstata. Pacientes considerados de alto risco são orientados a se submeter aos exames após os 45 anos. Carvalho diz que se enquadram neste grupo os negros, os obesos e aqueles cujos parentes de primeiro grau (pais ou irmãos) tenham tido a doença.

Outro fator de risco, segundo o médico, é o consumo exagerado de carne, leite e derivados. Não é coincidência que os países com mais casos da doença, como Holanda, Suíça e Suécia, sejam também líderes na ingestão de gordura animal. Por outro lado, os países asiáticos, como Cingapura e Japão, estão nas últimas posições de ambos os rankings.

Os principais exames para diagnosticar o câncer de próstata são o toque retal e os níveis de uma enzima conhecida como PSA (sigla em inglês para Antígeno Prostático Específico). Segundo o médico, ainda hoje existem muitos homens que hesitam em fazer o exame de toque, o que é uma atitude extremamente prejudicial para eles próprios, já que cerca de 20% dos diagnósticos são realizados exclusivamente com base nesse procedimento.

"Você pega dez pessoas que têm câncer de próstata. Oito vão ter o exame alterado, dois não vão ter [alterações no PSA]. São dois pacientes que iriam para casa sem o diagnóstico correto. O toque retal é importante porque refina a nossa capacidade de diagnosticar o câncer", explicou o especialista.

Cultura da autossuficiência
Por que os homens evitam os médicos? Foi essa a pergunta que a psicóloga Tatiane Terezo colocou para os participantes logo no início de sua palestra. Para ela, a resposta está na cultura da nossa sociedade, que valoriza excessivamente a bravura e a autossuficiência dos homens.

“Existe uma dificuldade cultural do sexo masculino para procurar ajuda”, lamentou Tatiane. Para a psicóloga, essa crença gera enormes danos para os homens, que muitas vezes só buscam auxílio para lidar com seus problemas (sejam eles físicos ou psicológicos) quando é tarde demais.

Finalizando o evento, o diretor da Escola do Parlamento da Câmara de Osasco, Roberto Delphino Júnior, fez um relato pessoal sobre sua luta contra um tumor benigno na próstata, descoberto há cinco anos.

Para Roberto, é importante que os homens deixem de lado o preconceito e comecem a realizar a prevenção de forma correta. "Não tenham medo. Não deixem de se tratar. Nós somos preguiçosos, nós não ligamos para nós mesmos”, comentou ele, que diz ter ficado muito mais cuidadoso com a própria saúde depois de descobrir a doença.

“Tem dias em que é difícil. Mas enquanto eu tiver forças, vou me tratar. E peço para vocês que se tratem também."